[MvP] - Destinee W. de Brienne

Um grito ecoava por seu quarto todo. O peito subia e descia descontroladamente. Mais um pesadelo que tinha, o que se tornara rotina nas madrugadas da filha de Melinoe. A princípio eram apenas choros baixos de saudades da filha de Hécate que conhecera no Halloween. A irlandesa Ivy conseguira fazer a garota estar em momentos de paz absolutos. Mas, infelizmente, a morena de olhos verdes desapareceu, como todos na vida de Destinee.  

— Está tudo bem?— Comentava Lucille, sua melhor, e única, amiga: — Foi só mais um pesadelo, volte a dormir. — Seu sotaque francês ficou melancólico o suficiente para não sair como uma autoridade. A fantasma ruiva apenas sorriu sem falar nada e sumiu.

Eram quatro da manhã, e sua mente estava enérgica. Não era nenhuma vidente, mas sabia que estar naquele estado de tristeza com inquietação com certeza traria consequências horríveis para a sua vida. Contudo, não se arrependeria de fazer alguma coisa naquele horário.

Cerrou os punhos e deu um leve soco no ar para alongar e estralar seus braços. Estava muito tempo parada após o caça, e precisava se agitar mais: — Let's Battle! — Gritara, sem animação. Estava sozinha em casa, já que sua irmã Margot havia saído em uma missão, seu irmão estava em alguma festa e Anzhela estaria com Circe. A sensação de solidão aumentava cada vez mais quando se via confinada por escolha própria dentro do cômodo.

Seu corpo era coberto com uma camiseta de tonalidade escura, com uma abertura grande nas laterais, shorts jeans para facilitar sua movimentação caso houvesse algum perigo, e um par de converse, que eram confortáveis ao seus pés. Antes de sair, colocou seus anéis, um em cada mão, e verificou a fotografia que tinha preso em seu espelho. Era da Caveira Mexicana Ivy, em seus momentos mais felizes juntas. Se odiou por não ter saído com ela na missão, assim, ela ainda estaria ao seu lado? Talvez sim.

Após o pequeno devaneio, Dest finalmente saiu de casa e começou a caminhar sem rumo. Sua mente estava cansada de projetar sempre as mesmas preocupações, sempre no mesmo horário. A francesa não se incomodava com o frio que fazia, pois tinha costume de andar assim por Londres e por Paris antes de estar aonde está agora.

— Vamos ver, Destino, o que planejara para mim. - Um sorriso brotou nos lábios finos e rosados da garota após o sussurro da frase. Seus olhos claros furtivos fotografavam detalhes minuciosos da cidade, tanto da relva baixa, quanto das construções mescladas ainda com a natureza. Destinee se abaixou para amarrar seu tênis esquerdo quando ouviu um barulho a sua frente. Uma silhueta ia se formando, e não tinha nenhuma aparência humana.

A sombra foi tomando forma, se revelando uma Quimera. Sem nenhum alarde, a menina puxou a sua lança, ainda mantendo o contato visual com a criatura, rezando para os deuses que ela estivesse distraída. Agachada, Destinee começou a se concentrar para alterar a percepção do monstro. Desejava que ele visse um chão lamacento a ponto de não conseguir se mover direito, com membros decepados e apodrecidos. Ao redor do monstro, uma névoa surgiria para enganar a visão do adversário e de dentro dela um fantasma saltaria em sua frente para amedrontá-lo. Como método de defesa e por ter uma bela inteligência nesse quesito, a britânica e francesa começaria a ficar invisível enquanto a névoa ia se formando na frente do campo de visão do monstro. Caso sua ideia de usar a ilusão para atrasá-lo não funcionasse, a menina gritaria de forma ensurdecedora para atordoá-lo. Invisível, correria silenciosamente o máximo que pudesse, tendo cautela de possíveis ataques do monstro e visaria golpeá-lo no ouvido ou no pescoço para causar-lhe hemorragia.

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