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Teste para Senhores do Tempo - Kyros Weisen

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Mensagem por Ananke Seg Out 26, 2015 7:23 pm


Preparado?
Descubra o mistério!








O calor envolveu o corpo do garoto de Hefesto, porém desta vez o parentesco do menino não lhe trouxe imunidade alguma. A pele que compunha cada centímetro do corpo do mesmo parecia derreter, desgrudava-se da carne com lentidão, trazendo a sensação torturante de presenciar seu corpo desfazer.

Weisen acordou assustado, o sonho assombrara-o de forma extrema. A respiração completamente descompassada, assim como o coração, que parecia apenas esperar o momento certo para saltar de sua boca.

Suor logo começou a cair da testa do menino para as outras areas que compunham seu rosto. Ao permitir-se visualizar onde estava, este deparou-se com um lugar familiar, extremamente familiar. Sua expressão se contorcerá em puro medo, ao levantar-se sentiu o calor emanado das brasas espalhadas pela lareira, a mesma lareira de anos atrás.

Kyros saiu dali, deu alguns passos no mesmo lugar, perdido e confuso demais, sem rumo naquele instante. O som de passos despertara a atenção do garoto, ao virar-se na direção da cozinha apenas fora capaz de vislumbrar alguns poucos fios da cabeleira negra de uma criança.

Uma risada, e logo em seguida um grito mesclado a um choro. O filho de Hefesto desesperou-se, correu o mais rápido que pode pelo mesmo lugar onde a criança a pouco passara. Tudo apenas para se deparar com uma porta negra, a maçaneta dourada parecia chama-lo, a curiosidade o atiçava.

Lentamento o rapaz se aproximou, envolveu os dedos no metal e o girou, com um rangido a enorme madeira afastou-se para o lado, revelando uma enorme escada de degraus de cimento.

Hesitante ele se permitiu descer um a um, a respiração ainda alterada, a expectativa crescendo dentro de si, o desejo de sair surgira com intensidade forte.

Weisen estacou no ultimo degrau, exatamente no momento em que seus olhos encontraram talvez o que fosse a cena mais aterrorizante de sua vida. O dono de cabelos escuros que vira na cozinha fugindo, era nada mais nada menos do que a versão dele infantil.

No mesmo instante o menininho fora degolado, a espada arrancou-lhe a cabeça tão brutalmente que fizera o mais velho cair de joelhos, lagrimas rolando loucamente por seu rosto. E no mesmo momento Kyros sentiu a sensação do calor das brasas da lareira, estava novamente dentro dela.

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Ananke

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Teste para Senhores do Tempo - Kyros Weisen Empty Re: Teste para Senhores do Tempo - Kyros Weisen

Mensagem por Kyros A. Weisen Qua Nov 04, 2015 12:30 am

Para nascer deve-se primeiro destruir um mundo.
Dreaming
Time Lord
Children of Fire


Despertar em si é um ato de destruição. Para acordar é preciso primeiro destruir todo um mundo criado por sua mente e então retornar a realidade com um baque. Aquela era minha definição de sonhos e continuaria sendo por muito tempo. Eu não sabia exatamente onde estava quando acordei, apenas que ouvia uma risada distante crepitada pelo fogo, e essa risada era eu.

Não sabia como o fogo queimava minha carne, mas sentia a dor das queimaduras. Não era como aquela vez no orfanato na qual eu era protegido por meu pai, ali o fogo me torrava com toda a ira do inferno. O corpo se tornava quente de tal forma que a carne derretia de meus ossos e vazava. Eu não entendia como alguém poderia sentir tanta dor, mas aquela era minha realidade agora, e aquilo pareceu ser eterno.

Justamente quando eu não pude mais suportar a dor acordei num ambiente tranquilo e silencioso. O único crepitar de fogo vinha de uma lareira no centro da sala grande com um ar aconchegante que só podia me dar repulsa, mas era o único som daquela casa maldita. Chamo-a de casa maldita apesar de ser uma mansão. Aquele lugar era o meu inferno infantil, o único lugar no mundo no qual eu jamais retornaria. Aquele era meu orfanato, o lugar dos piores 11 anos de minha vida, mas também o lugar que havia me moldado. Fosse quem eu fosse, era graças a aquele lugar.

Eu tinha as mais dolorosas e profundas cicatrizes daquele lugar ainda cravadas em meu peito, a dor dos ferimentos constantes e do descaso das freiras do lugar em cuidar de mim, todo o ódio que eu possuía por aquele lugar queimado pelo tempo veio a tona, e então mordi os lábios irritado, tentando fazer o fogo da lareira erguer-se e destruir tudo, sem deixar pedra por pedra, mas logo algo me deteve. O som de passos infantis me atraiu como flores atraem abelhas, e então os segui. Quem poderia estar naquele lugar maldito?

Um vulto de cabelos enegrecidos passou por mim, e tão rápido quanto apareceu, foi-se, sumindo pela casa. Uma sensação de conforto estranha atravessou meu corpo, e eu soube que precisaria correr atrás daquela criança, como se tudo dependesse daquilo.

-Volte aqui! – gritei desesperado sem saber como chamar aquela coisa que corria, e então o segui. Meus passos eram largos e rápidos, mas os dele eram ágeis pela casa, parecia conhecê-la muito bem, poderia aquele ser um amigo de infância?

Ao virar um dos corredores me deparei com uma grande porta negra com uma maçaneta dourada incrivelmente chamativa. Olhei-a por alguns segundos, ouvindo meu nome retumbado pela casa “Kyros, Kyros, Kyros”  a voz suave e atrativa, com um belo tom nostálgico me empurrava até a maçaneta, e me forçava a abri-la.

Me deparei então com escadas infinitas em direção ao escuro e comecei a descer os degraus passo a passo. Justo quando pensei que a escada realmente poderia ser mais um sonho infinito cheguei até o seu fim, somente para me deparar com a criança solitária novamente. Nada pude fazer, se não gritar enquanto sua cabeça era arrancada de forma cruel por alguém. Não pude ver o rosto do assassino da criança, mas pude ver a criança, e era eu...

Acordei naquele outro mundo cheio de fogo urrando de dor. As chamas lambiam minha carne e eu entrava em desespero mais uma vez. Tentei mover os braços mas aquilo havia sido pouco eficaz. A carne começava a derreter mais uma vez quando ouvi uma risada. Era uma mulher, claramente. Quando virei meu rosto para tentar vê-la o fogo e todo o resto daquele mundo sumira mais uma vez, e agora eu estava livre. Sabendo o que viria a seguir me virei, passando a correr em direção ao menino de antes, mas quando ia alcança-lo ele entrou na porta rapidamente, descendo as escadas.

Eu sabia o que me aguardava no caso de eu abrir aquela porta e descer as escadas, mas não era algo que eu de fato gostaria de fazer. Me sentei no que seria o antigo sofá da casa e por ali fiquei, aguardando qualquer coisa acontecer. A lareira ainda crepitava no silêncio da casa, e eu me mantive olhando fixamente para o nada.

- Então seu plano é... ficar aqui pra sempre? – algo estava do meu lado, mas não pude virar.

Mais uma vez o fogo me consumia, agora bem mais ferozmente. As chamas pareciam ficar mais vorazes conforme eu voltava para aquele mundo. A dor porém ainda era a mesma de derreter. Toda vez que eu parecia estar ficando doido de dor ela terminava, para voltar ao orfanato, para ficar tanto tempo parado que o próprio sonho desmoronava.

Isso aconteceu de novo
E de novo
E de novo
E de novo
E de novo
E de novo
E de novo
E DE NOVO!
E então mais uma vez.

Quantos séculos eu havia ficado ali? Ou haviam sido somente segundos? O que era eu agora? Qual era meu nome? Seria algo como Jon? Gabriel? Robert? George? Tudo o que sabia era que a dor do fogo havia torrado meu cabelo, mas não para mais negro, e sim para branco. As unhas definitivamente haviam torrado, agora estavam negras e feias, o resultado de uma lenta tortura de sonhos. Ficaria eu daquela forma quando acordasse? Me perguntar aquilo sequer importava?

Cada vez mais eu me perdia ainda mais diante das teias da insanidade. Eu definitivamente estava começando a enlouquecer. Mal sabia meu nome, mas lembrava que começava com alguma letra... uma letra de poder.

- Não seja bobo. – uma voz me lembrou, a mesma de antes. Eu não podia achá-la, mas sabia que era um corpo físico, ela sempre vinha de um lugar, e não ecoava pela casa. Embora eu não soubesse de coisa alguma, e pudesse estar enganado. – você sabe que está assim pro escolha própria, não é? – levantei o rosto, notando estar no canto da sala. Haviam milhares de lágrimas já escorridas pelo meu rosto e algumas centenas a mais derramadas no chão. Eu não sabia porque chorava, mas sabia que precisava chorar. – porque apenas não “destrói” isso?

E mais uma vez havia sido agarrado de volta as chamas, que mais uma vez torraram minha carne. Eu tentei me mover, se aquilo era escolha minha então dava para eu me mover, não é? Era só eu me mover que tudo ficaria bem...

Mais uma vez meu corpo havia sido derretido, e eu havia voltado para a casa... ou aquilo era mesmo uma casa? Conseguiria eu sair? Corri até a porta, esbarrando e derrubando todos os vasos e retratos ali, imagens de Jesus ou qualquer porcaria que fosse, e então abri a porta, para me deparar com o vácuo.

- Não é isso que tem que fazer, pra que enrolar? – e quando ia me virar ouvi chamas novamente. Conhece a sensação de sua carne sendo derretida? Bem, pense na dor e angustia de ter um prego martelado logo abaixo da unha do seu dedão do pé... e agora multiplique por mil, e então poderá começar a entender como me sentia.

Quando o corpo se sente ameaçado e ferido constantemente ele para de produzir melanina e a transforma em vitamina D. isso faz com que os cabelos percam a tonalidade, as unhas apenas seguiram isso, uma vez que as chamas as arrancaram milhares de vezes de meu corpo. Quanto mais as chamas me lambiam mais eu me sentia no inferno.

- Sabe – a mulher se pressionou contra as minhas costas uma vez que eu estava na casa novamente, apenas esperando a sensação de dor retornar – Acho que você é o tipo de pessoa que gosta de sofrer, afinal, estamos ambos aqui agora, não é?

Eu já havia desistido da hipótese de me virar e contemplar seu rosto, eu sabia que aquilo apenas adiantaria as chamas, então continuei calado. Ela passou as mãos pelo meu corpo de uma forma quase sedutora. Enquanto me perguntava o que ela queria comigo ela sumiu novamente, e as chamas retornaram. A dor agora parecia invadir os ossos, e eu não sumi até que nem mesmo uma parte de mim restasse, porém, durante o calor ainda pude sentir os braços da garota me cercando dócilmente. Saber quem ela era, isso era de fato importante, e parecia até mesmo ser decisivo.

Voltei a casa, mas dessa vez não me vi. Comecei a andar pela casa, totalmente incerto. Eu podia me deparar com algo que não pudesse enfrentar, e aquilo não seria bom. Logo eu estava no quintal do orfanato. O sol era um vermelho sangue, brilhando fracamente enquanto era rodeado por nuvens nojentas num céu negro. Olhar para aquilo acabaria até mesmo com o maior romântico do mundo.

Sentado sozinho em um dos balanços estava “eu” cabisbaixo. Eu não me lembrava bem como eu era naquela época. Teria sido eu uma criança gentil e alegre? Ou um daqueles reservados e observadores? Conforme eu me aproximava o mundo parecia tremer. Aquela criança havia ficado andando em círculos eternos por uma eternidade de anos, o que havia feito-o parar?

- Está tarde. – o meu pequeno “eu” disse me olhando – Eu acho que devia voltar pra casa. – ele chutou levemente o chão abaixo do balanço e eu me aproximei, sentando-me no balanço do lado. A atmosfera estava ficando pesada demais para mim aguentar, aquilo tudo era errado.

- Me desculpe... – disse por fim, depois do que pareceu ser uma eternidade de tempo, e a criança me fitou com seus grandes olhos negros como a noite. Ele parecia confuso, mas pareceu entender a situação com o tempo. Olhei para aquele céu medonho mais uma vez, me perguntando se sequer voltaria a acordar.

- Está tudo bem, sei que sempre fez o possível. – ele voltou a encarar o chão, e eu pude ouvir uma risada.

- Não, tudo não. – a mulher disse, e por instinto me virei, voltando ao inferno de chamas. Mesmo ali ela ainda me abraçava, sussurrando coisas sem nexo em meu ouvido... tudo o que dizia me lembrava chamas, até mesmo aqueles sibilos – você ainda não me aceitou.

E eu estava na casa novamente, com um tipo de ânimo assustador renovado. Eu poderia entrar na porta mais uma vez, mas optei por ir até a lareira. As chamas não me chamavam, mas eu sabia agora que a mulher vinha dali, e eu sabia exatamente o “poder” que precisava aceitar. Coloquei a mão no fogo e senti as chamas lamberem meus dedos, forçando-me a recuar. Ouvi a risada forte atrás de mim, algo verdadeiramente insano. A mulher ria como nunca, e pela primeira vez pude ver o seu rosto. Seu cabelo era fogo, assim como o vestido que cobria sua carne avermelhada e seus olhos eram como brasas. Tudo naquela pessoa remetia a fogo, e talvez fosse por isso que ela era quem fosse, ela era “Poder”.

- O que? – as chamas apagaram meu corpo depois de  mais uma eternidade. Eu não era mais capaz de compreender se aquele era de fato o mundo onde eu havia nascido ou não, na verdade eu mal era capaz de entender quem eu era. Aos poucos a loucura me conquistou lentamente, da forma mais brutal possível. Era tanta insanidade que minha mente buscava saídas desesperadas daquele sonho, tão desesperadas que parecia ter decidido que eu precisava de alguém para conversar.

- Qual o problema? Não esperava visitas? – o tom era debochado, mas cheio de poder. Uma voz cheia de poder é, em sua essência, forte. Não existem palavras para descrever uma voz poderosa, mas se eu precisasse inventar algo, seria respeitoso, porém vulgar. Ela parecia ter uma personalidade incontrolável e devoradora, assim como o fogo. – Eu sempre estive com você, afinal... só acordei agora.

- Acordar? – perguntei no ápice da loucura, e ela sorriu. Não parecia ser uma inimiga ou uma oponente, mas mostrava bem que eu deveria tomar cuidado com ela, ela poderia me consumir em um segundo, se assim quisesse. Olhei para seus pés e o chão de madeira queimava ao seu toque. Ela se aproximou e tocou a mão quente em meu rosto.

Fechei os olhos, já temendo o contato com aquela criatura, mas o calor que tocava meu rosto não era como as chamas de antes, o calor era leve, suave e quase maternal. Abri os olhos arregalados como se tentasse entender, e causei apenas uma risada.

- Eu já te disse antes, a culpa disso tudo é sua. – e mais uma vez chamas. A mudança do calor havia me pego de surpresa pela primeira vez em muito tempo. Gritei de dor e susto, e causei mais risadas em meu “Poder”. Ela era uma mulher forte e decidida, com um olhar bastante capaz, mas também era sádica e arrasadora, não temendo nada. – Isso tudo é... – ela pausou, tentando segurar mais uma risada – ... Você se sabotando. No fundo no fundo o “Grande Kyros” é só um sabotador de seu próprio poder. Eu mesma já me cansei de você, mas estamos presos... não é? – ela me olhou com um ar sabedor, e então para além daquela parede de dor e fogo. – Quem é essa?

Olhei para frente, estava na grande porta de madeira branca do orfanato, e ali estava uma mulher. Os cabelos eram também escuros e os olhos negros como o céu noturno. Ela carregava um cesto em mãos, colocando na frente da porta.

- Parece ser um começo bem clichê de história...

- É minha mãe. – atrai o olhar de meu “poder” e continuei – Ela me deixou aqui quando eu era muito novo, eu devia ter cerca de seis meses. – ouvi um som de porta se abrindo e ambos fitamos a porta, vendo uma das freiras me carregar para dentro do inferno de onde não sairia por muito tempo.

- E como foi sua infância?

O cenário mudou para o pequeno parquinho do orfanato. Haviam balanços e gangorras e uma grande caixa de areia para as crianças se divertirem, mas eu não estava em lugar algum. Olhei para o alto, o segundo andar daquela casa e me vi, lendo.

- Eu sempre fui o tipo de pessoa que ficava sozinho... eu gostava de ler e não precisava de mais nada que não fosse aquilo... era divertido, porém nunca me senti completamente feliz.

- Oh... – ela disse bem baixo, como que com medo que as crianças pudessem ouvir, mas percebi que era diferente. Eu e aquilo, o que quer que fosse, éramos dois lados de uma moeda. Ela era “eu” e eu era “ela”, ela era uma manifestação de poder, de força, uma manifestação que eu precisava tomar para mim, embora não soubesse como. – E nunca fez amigo algum?

- Ah... quanto a isso... – o cenário mudou para o fim da tarde. O Sol jazia dourado, quase sumindo entre as montanhas distantes e o pequeno eu estava deitado no chão apanhando. Os outros garotos eram o dobro do meu tamanho, e bem mais fortes. – Desde cedo eu aprendi bem sobre a injustiça desse mundo... quando se é o mais fraco, ou o mais lento, ou o mais bobo, ou qualquer coisa, logo vem um abutre se apoderar de sua carcaça... é cruel, mas sempre soube lidar com isso...

- Então porque... está chorando? – coloquei a mão no rosto sentindo a lágrima quente e senti brasas novamente.

Gritei mais uma vez, desesperado. Eu queria sair dali, não aguentava mais tanta dor sem sentido. Eu não queria ficar ali, sozinho, somente com todas as minhas memórias sombrias e frias. Daquela vez meu “poder” não havia aparecido. Será que aquela parte de alucinação havia terminado? Não podia dizer. Passei mais uma daquelas eternidades de sofrimento. Einstein dizia que o tempo era relativo. Eu sentia bem na pele o que aquilo queria dizer. O Tempo com meu “Poder” e com o “outro eu” era rápido, curto, ainda que infeliz, pois ali não sentia dor, e conversar era sempre mais prazeroso.

Mas a sensação de ser queimado vivo era bem diferente. A carne ficava tão quente que vazava dos ossos, e eu sentia meus órgãos se liquidificando, era horrível, e doloroso. O tempo que eu havia passado ali me mudaria para sempre, e cada vez mais eu sentia aquilo. Voltei a aquela realidade, com ela me esperando mais uma vez... mas havia algo diferente nela a cada vez que eu voltava, parecia mais forte, majestosa, bonita... tudo isso de formas inexplicáveis, ela simplesmente era toda aquela condensação de forças e eu sabia que era muito mais, só que, como toda chama, ela precisava ser alimentada.

- Você compreendeu, não é? – assenti, a fitando sem emoção. Ela sorriu de um jeito fraco para mim e abriu os braços, agora alargando seu sorriso. Eu dei dois passos em sua direção, mas não me aproximei mais do que isso. – Eu sou você...uma parte de você, uma parte bem importante. Você não sobreviverá sem mim.

- Eu sei... –a minha voz saiu mais profunda do que todas as outras vezes. Ela pareceu notar, e com isso abriu o sorriso mais verdadeiro desde que ela aparecera pela primeira vez – Tudo o que eu preciso fazer é... te aceitar.

- Está dizendo que me dará o controle? – o seu sorriso rasgou ainda mais sua face, e as chamas passaram dum tom laranja para azul, ela se tornava incontrolável como fogo quando queria, e era aquilo que significava ter um poder tão grande, ele me devoraria em qualquer passo em falso.

- Não... – avancei contra ela, e turnstile apareceu em minha mão, ainda em formato de canivete. Logo ele se transformou em espada e perfurou o ombro da garota, enquanto eu arrancava um grande pedaço de seu ombro com a boca – Mas eu sempre posso devorar você!

Comecei aquele processo nojento. O Sangue era quente, quase como sopa, mas salgado e pouquíssimo saboroso. A Carne era bem seca e queimada, deixando um gosto péssimo de queimado em minha boca, e o fogo queimava minha carne. Mas apesar daquilo continuei a comer, comi e comi até que nem mesmo ossos restassem, e por fim tudo que ouvi foi um “é um bom garoto.” E então as chamas novamente.

- Eu sou isso... não irá mais me incomodar. – a dor, no entando, provou o contrário. As chamas me devoravam com força, mas dessa vez eu ganharia o controle, custe o que custasse. Eu pude sentir as mãos de meu poder me rodeando com seu fogo calmo e tranquilizante e então, subitamente as chamas cessaram.

A dor havia sido tão fácil de superar que eu havia ficado desconfiado... tudo o que eu precisava fazer, desde o começo, era algo tão simples? Me mantive alerta. Eu precisava aceitar minha própria monstruosidade, e usar toda aquela força para mim. Eu precisava encarar o abismo de perto, e quando o mesmo me olhasse de volta eu precisaria abraça-lo com toda minha força, era tudo o que eu poderia fazer agora.

Logo estava de volta ao orfanato, meu ultimo assunto pendente. Ouvi uma risadinha e o meu eu jovem olhou para mim, e eu imediatamente comecei a segui-lo. Ele era bem mais rápido. Rápido de uma forma inumana e assustadora, rápido de tal forma que me deixava para trás com a mesma facilidade na qual eu faria com uma tartaruga. Ele desceu a escada e eu segurei turnstile com mais força, eu não sabia porque aquela arma havia aparecido, mas era tudo o que eu possuía.

Comecei a descer os degraus, um por um. A coragem me alimentava de uma forma ridícula. O medo se esvaia cada vez mais a cada passo, e eu era preenchido com uma sensação de propósito. Aquele “eu” deveria morrer para ser protegido, aquele “eu” deveria morrer para que eu pudesse proteger outros, aquele “eu” deveria morrer para que eu pudesse abandonar aquele lugar. Continuei a descer os degraus e a escuridão me engolia. Apesar daquilo eu mantinha um sorriso insano no rosto, uma hora ou outra quem devoraria a escuridão ali seria eu, e da pior forma possível. Logo me deparei com a cena que havia me perturbado tantas e tantas vezes, mas agi bem diferente do que havia pensado anteriormente.

O tempo acelerou enquanto eu corria e gritava. De certa forma aquilo havia surpreendido a figura. Seu sorriso se transformou em horror conforme eu me tirava do caminho e fincava a espada nas juntas de seu ombro. Ele logo começou a gritar de uma forma desesperada, aquilo claramente não havia ido de acordo com seus planos. O pequeno eu me olhou assustado e subiu as escadas, enquanto eu sorria triunfante.

- Como você... – ele formulou uma pergunta, mas eu retirei a espada e o fitei com meus olhos negros. Eu podia jurar sentir faíscas percorrendo toda a extensão do meu corpo, enquanto eu sentia um tipo de força nunca antes imaginado por mim mesmo... olhando agora, eu era uma pessoa completamente diferente.

- Você parece se alimentar de pesadelos... um feiticeiro? Ou demônio? – ele arregalou os olhos surpreso, mas continuei a observá-lo atentamente, primeiro eu precisava saber do que ele era capaz. Uma esfera negra do tamanho de uma bola de futebol foi criada da palma de sua mão esquerda, que apontava para mim. –“Isso é ruim” – pensei enquanto olhava em volta, analisando o cômodo – “eu não terei espaço aqui”. – e a esfera foi atirada. Arregalei os olhos pensando numa alternativa quando, enfim, movi a espada. O movimento foi rápido e voraz, indo de baixo para cima e cortando a esfera no meio, fazendo com que dois pedaços atingissem paredes paralelas umas as outras. O feiticeiro me olhou com raiva, pensando numa forma de acabar comigo, porém não havia o que se pudesse fazer, eu iria sair dali.

- Volte para sua prisão! – e ele sumiu. Eu estava sozinho no quarto. Sozinho com minha espada. Virei e comecei a subir as escadas na velocidade da luz, ou pelo menos o mais rápido que eu podia. A luz do sol voltou a iluminar meu rosto e logo eu estava na parte normal da casa.

Um tipo de luz estranha vinha de onde era o jardim, e eu logo corri até lá. Era o homem, mas com alguma coisa diferente. Haviam vários Minotauros, todos eles idênticos com cerca de três metros de altura cada. Sua boca salivava fedendo a morte, e os olhos rubros mostravam o sangue, seus pelos enegrecidos e sujos de barro e folhas. O homem estava atrás deles, com um tipo de olhar avaliativo. – “Ele está me testando.” – observei, e então olhei para os minotauros. Não havia como aquilo ser real, só poderia haver um minotauro, o filho da esposa do rei Minos com um touro. – “Certo então, tudo minha mente.” – afirmei, mas ainda tomei cuidado com eles, afinal, o corpo não vive sem a mente. Me esquivei da investida do primeiro e com um passo para frente empunhei a espada logo a tempo de arrancar a cabeça de outro que vinha em minha direção. Usei seu corpo tombado para dar um salto, indo em direção a cabeça de um minotauro desavisado e perfurei-a, fazendo-o cair no chão.

O Homem estava a seis passos de distância, e percebendo-se disso resolveu mudar de tática. Aquele mundo finalmente pareceu ruir, mas agora eu sabia que entraria numa realidade bem mais aterradora. O sol se tornou negro, e as nuvens assumiram um tom de rosa. Não entendi bem o que estava acontecendo, mas aquele homem não estava ali, e só sobrava o imensidão plano do lugar. – “Está se preparando” – pensei da maneira mais sensata que pude, e então comecei a andar.

A imensidão enegrecida, por incrível que pareça, tinha bem mais cores do que qualquer outro lugar, algumas até que eu julgava nunca ter visto. – “Estou em em minha mente, ou em outro lugar?” – agora responder aquela pergunta não era tão fácil. Por um lado toda aquela insanidade combinava perfeitamente com meus últimos tempos, mas ao mesmo tempo eu sabia que não poderia ser algo assim.

Logo algum efeito estranho começou a ocorrer com o sol. A grande esfera parecia se aproximar e a diminuir, ao mesmo tempo em que crescia aos meus olhos. A superfície era como lodo, líquido e gosmento, mas ainda era negro. No topo o mesmo homem me encarava, usando um capuz que ocultava seu rosto. Aquilo pareceu sem sentido para mim, mas de toda forma não podia parar.

- Sabe quem sou? – ele perguntou de maneira séria. Não desviei os olhos nem qualquer outro tipo de sinal, apenas balancei a cabeça positivamente. Eu não sabia exatamente o que ele era, mas blefar era bom naquele tipo de situação, ou, ao menos, me mataria. – Então sabe porque estou aqui. Onde está? – Pisquei duas vezes e olhei para o homem, tentando entender –a mulher.

- Oh. Você não vai gostar de saber. – sorri tentando deixar o sujeito provocado, mas obviamente não estava dando muito certo. Ele manteve a expressão inabalada, me fitando intensamente. Depois de algum tempo a fagulha do entendimento brilhou em seus olhos, fazendo-o trincar os dentes.

- Maldito... Isso realmente vai me atrasar. – ele criou três esferas de fogo bem grandes, cada uma delas do tamanho de um armário. Criar aquilo parecia fácil para ele, mas era custoso. Vi-o limpar algumas gotas de suor que brotaram em sua testa. Não sabia o quanto aquilo o cansava, mas se fizesse movimentos errados não ficaria por perto para descobrir. As esferas foram arremessadas em minha direção, e não tinha como eu desviar daquelas coisas a tempo. As esferas ficavam cada vez maiores e aterradoras.

- Esse mundo... é meu! – uma voz pequena disse ao meu lado e o chão se ergueu na minha frente. Um grande escudo protetor de terra. A voz era familiar, mas quando olhei para os lados nada vi.

- Entendi o recado... – falei para mim mesmo baixinho e virei o olhar para o homem, que agora criava duas ondas.

- Fogo é mais difícil de controlar do que água. – ele disse com um sorriso convencido – irônico a forma na qual vou matar o filho do deus do fogo com água, não? – ele deixou seu sorriso rasgar ainda mais o rosto e lançou as ondas em minha direção. Dessa vez, ao invés de me defender saltei. Saltei em sua direção, como se anulasse a gravidade daquele falso mundo. Movi minha espada de cima para baixo, colidindo com o bastão que era segurado por suas duas mãos.

- Veremos como lida com isso. – Falei enquanto jogava o peso da espada para trás e acertava um chute no rosto do homem. Cai de costas no chão e ele recuou três passos, levando a mão ao rosto. Me levantei rapidamente enquanto ele limpava o corte que havia sido aberto em seu lábio pelo chute. Estavamos frente a frente agora, e eu não podia deixar que fizesse mais alguma coisa. Avancei com a espada em seu ombro esquerdo, sem deixar com que se defendesse. A espada transpassou seu corpo com rapidez, e então a movi para baixo. O corte fez com que o braço ficasse pendurado, inútil.

Seu grito de desespero ecoou por todo o lugar, e ele tombou para trás, caindo enquanto segurava o ombro. Olhei para ele sério, mas me mantive no lugar. Ele tinha que sentir um pouco da dor que senti. Enquanto ele chorava, mil maneiras de vingança se formaram em minha mente, mas a mais cruel foi deixá-lo apodrecer no inferno em que tinha me colocado

- Nunca mais sairá daqui. – avisei e acertei mais uma vez o braço com a espada. A lâmina fria fez o ombro se desprender e cair, gerando mais dor – isso mesmo, esse mundo é um sonho, mas a dor é tão real, não é? – pude sentir meus lobos rosnando, e a sensação de poder me consumindo. Me lembrei da mulher que havia consumido anteriormente, e decidi não cometer o grande erro fatal – “Você vai ficar sobre controle ai.” – pensei enquanto dava um passo a mais na direção do ombro – Isso não é nada perto da dor de ter a carne derretendo, mas logo você provará disso, prometo.

- Por favor.- e nesse momento sorri levemente para ele, com um ar de desentendido – por favor não me... – seus olhos olharam para cima de forma súbita, e então algo me acertou nas costas, uma faca. – desgraçado, eu vou matar você, MATAR VOCÊ!

Mais facas apareceram e todas ela perfuraram meu corpo. Tentei me levantar, mas haviam tantas facas em tendões e músculos que aquilo precisou de um esforço monstruoso. – “É minha mente” pensei novamente enquanto olhava para o homem – “Minha mente...” – e a dor das facas sumiu, junto com elas.

- Você tem poder demais, pode ser perigoso baixar a guarda... mas sem esse braço você está perdido. – e fogo surgiu em suas pernas, consumindo cada pedaço de seu corpo lentamente – Você vai passar por isso quantas vezes eu achar necessário, e depois disso... você será – as palavras passearam pela minha cabeça algumas vezes, Consumido? Queimado? Absorvido? – Devorado.

O aviso final fez com que ele se desesperasse, e começasse a criar inúmeras facas, bolas de fogo, qualquer coisa, numa tentativa desesperada de se salvar. Ao nosso redor criei um domo transparente, e deixei que se cansasse, talvez daquela forma fosse melhor. Os poderes atingiram a cúpula várias vezes, e logo o homem estava quase desmaiado, mas seu desespero ainda era muito forte.

- Por favor... eu peço perdão.

- Perdão? – imaginei um tipo de quarto e ele logo surgiu. O mesmo de anteriormente, com as chamas queimando azuis do lado de dentro – logo conhecerá seu perdão. – e ouvindo os últimos gritos de desespero o lancei ali, para que ficasse. – o corpo não vive sem a mente...

E ai o mundo começou a ruir.

Quando um mundo se acaba, logo pensa-se que será um evento feio, sujo e doloroso, mas para mim trouxe apenas o alívio da superação. O peso em meu coração se esvaia conforme o mundo se consumia pela falta de um mestre, e pouco a pouco eu chegava mais perto de ir para minha nova casa.

Olhei para o canto do mundo, e nele havia uma plataforma. Uma única criança solitária brincava em uma caixa de areia, mesmo com a escuridão engolindo tudo ele ainda brincava alegremente, de maneira inocente. – “eu protegi isso... mas a que custo?” Eu não sabia como responder aquela pergunta, e enquanto olhava para o céu do fim do mundo soube, com tristeza, o que aconteceria comigo quando acordasse.
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